Companheira de primeira hora de Jackson Lago, tendo todos esses anos acompanhado a trajetória do PDT desde a sua criação, Clay Lago envia nesta segunda-feira uma dura carta à direção nacional da sigla brizolista.O teor da carta, um libelo histórico e de repúdio ás manobras golpistas de um grupo que tenta se apoderar do partido, já está sendo divulgado na internet:
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Clay Lago |
Carta de Clay Lago à Executiva Nacional do PDT
Estamos num momento crucial para o nosso partido, tanto aqui como no Brasil.
Ou o PDT se volta aos seus princípios democráticos e trabalhistas, ou se afundará nas armadilhas da política convencional e fisiológica.
O PDT foi fundado após a perda da sigla do PTB para a Ivete Vargas, numa manobra que o intelectual pró-militar Golbery teve influência preponderante. Em 1982, pelos rigores da lei eleitoral, um partido político brasileiro deveria existir em 9 estados.
O PDT maranhense foi um dêles. Articulado por Jackson Lago e Neiva Moreira, teve a participação do jornalista Reginaldo Telles como candidato a governador e Clay Lago como candidata a senadora. Lembro-me, ainda hoje, das "operações formiga", nas quais íamos de casa em casa levando os panfletos e falando dos candidatos do PDT.
Apesar de termos visitado quase toda a cidade de São Luis, o resultado foi desastroso pela cláusula do voto vinculado, que impunha o voto em todos os candidatos, de vereador a governador, de um mesmo partido.
Mas, o PDT cresceu, disputou a eleição de 1985, ficando em terceiro lugar. E, em 1988, numa aliança político-eleitoral com outras forças políticas, dentre elas as lideranças de Haroldo Sabóia e Jaime Santana, juntaram forças para a primeira vitória de Jackson Lago à prefeitura de São Luis. Um marco em nossa história política e eleitoral!
Foi uma administração de êxitos, a qual devolveu um certo sentimento de orgulho à população. Revitalizou-se muitos serviços e criou-se as condições de avançarmos nas áreas de educação, saúde e infra-estrutura.
Em 1998, Clay Lago foi candidata à vice-governadora, numa aliança eleitoral entre Jackson Lago-PDT, e o então candidato a governador, Epitácio Cafeteira.
É na condição de fundadora, militante, colaboradora em todos os momentos da vida política do PDT e companheira de Jackson Lago que, antes mesmo da fundação do partido, esteve engajada, sob a liderança histórica de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro e Neiva Moreira, entre outros, na construção desta legenda, venho manifestar minha preocupação e surpresa diante dos rumos que vem tomando a nossa vida partidária no Estado do Maranhão.
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Jackson e Clay Lago |
Sou testemunha do esforço realizado sob a liderança de Igor Lago, no sentido da reorganização do PDT no Maranhão, após o desaparecimento físico daquele que sempre conduziu, com determinação e compromissos, as causas populares e democráticas, particularmente no combate ao Maranhão oligárquico. Foram décadas de lutas travadas que legitimaram a legenda do PDT que, sob a liderança do Jackson, governou por três vezes a cidade de São Luís e o Estado, quando neste cargo foi retirado através de um golpe político-judicial. Não é, portanto, segredo para nenhum maranhense e nenhum brasileiro que Jackson teve que enfrentar todos os poderes constituídos da República para manter a coerência política e ética de sua vida.
Portanto, após a constituição da Comissão Executiva Provisória Estadual, Igor, com os demais companheiros desta Executiva lançaram-se à tarefa que o Jackson, em reunião realizada em dezembro de 2010, havia atribuído a todos os seus companheiros: a reestruturação e reorganização do partido em todo o Estado do Maranhão.
Assim foi instalado um processo democrático interno de criação de 211 Comissões Executivas Provisórias Municipais, entre os 217 municípios do Estado, destacando o fato que destas Comissões aproximadamente 50 já realizaram suas convenções e, legalmente, se constituíram em Diretórios.
Respeitando e preservando a memória do Jackson e a história do nosso partido, fundamentada sempre na sua democracia, venho expressar a minha profunda decepção com os rumos propostos pela Direção Nacional, na tentativa de intervenção do processo de construção democrática que até aqui vem sendo desenvolvido. Espero que a Direção Nacional do nosso partido não realize qualquer ato que se caracterize como atitude antidemocrática, preservando todos os compromissos até aqui assumidos.
Atenciosamente,
Clay Lago
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