Chocados com o brutal assassinato do colega Décio Sá, alguns companheiros de imprensa cunharam a frase, depois reafirmada pelo senador licenciado João Alberto de Souza (PMDB), de que " a pistolagem está de volta ao Maranhão". Na verdade existe um grande equívoco nessa afirmação, pois ao meu ver e os fatos provam, a pistolagem nunca foi embora do Maranhão.
Não sejamos hipócritas, o esquema da morte por encomenda continua cada vez
mais ativo e recrutando pessoas que
fazem do assassinato uma profissão. Não é difícil, todo mundo sabe a facilidade
que se tem na contratação de assassinos.
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Enterro de Raimundo Borges em Buriticupú |

Durante algum tempo se ouvia
falar muito em Imperatriz, cidade que chegou a ganhar a triste pecha de
“Capital nacional da pistolagem”. Hoje talvez se possa dizer que essa alcunha
migrou para São Luís.
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Flaviano Pinto |
No Maranhão, em quase todos os
municípios existem crimes de pistolagem.
Em 2010 tombou o líder quilombola Flaviano Pinto. Ano passado, outra liderança quilombola, José da Cruz. Os dois foram vítimas da pistolagem em Pirapemas-MA.
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José da Cruz |
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Advogado João Ribeiro |
Fora os de menor repercussão contra pessoas desconhecidas ou sem nenhuma expressão política.
Em Imperatriz nem se fala, foram tantos nos últimos tempos, mas lembrando dos mais recentes, o do jovem empresário Sands Emanuel e o do Agropecurista Braz Cabrini, embora havendo o componente de latrocínio mas com mortes por pistoleiros sob encomendada.
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Agropecuarista Braz Cabrini |
Todos essas execuções são a constatação de que a pistolagem e os pistoleiros permanecem tão presentes quanto à evolução
do aparato de segurança pública para combater as diferentes formas de crimes.
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Sands Emanuel |
Em pleno século XXI, com o país
vivendo o regime de plena democracia, com profundas transformações sociais e a
economia avançando em todos os sentidos, mesmo assim,o crime de encomenda abate seres humanos não apenas no Maranhão, mas em toda parte do país.
A pistolagem é um tema tão forte
na história do Brasil que inúmeros estudiosos já se debruçaram sobre ele,
abordando as diferentes vertentes e motivações que envolvem esse tipo de crime.
E cada vez mais, firma-se no campo de estudos sobre a violência no Brasil, o
entendimento de que não é possível tratar dos fenômenos a ele relacionados sem
levar em conta as valorações produzidas por aqueles que participam dos
contextos violentos.
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Enterro de Chico Riograndense em Dom Pedro-MA |
O que move toda essa indústria? Como cumprem suas
missões? Quanto cobram pelo serviço sujo? Não se sabe ao certo, mas em tese
aceitam qualquer encomenda. Qualquer um pode ser vítima deles. Basta pagar o
preço combinado.
E o que leva a tudo isso? A falta de valores morais
é um fator preponderante. Mas a certeza da impunidade é o maior incentivador
para interromper brutalmente muitas vidas e deixar muitos órfãos ou lares destruídos.
É um tipo de crime de difícil
combate. A pistolagem opera numa engrenagem complexa em que o aparato estatal
dificilmente consegue chegar aos mandantes e executores. Mostra que, com a
"profissionalização" da pistolagem, os crimes passaram a ser mais
"sofisticados". Além do mais reina um "código de honra",
pelo qual a "lei do silêncio" prevalece como uma barreira quase
instransponível entre o contratante e o pistoleiro. Na hipótese da prisão, as
autoridades precisam de muita perícia e inteligência para chegar a tais
matadores. Mesmo assim, outros estão prontos para continuar o "negócio
sanguinolento".
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Décio Sá |
O crime que acordou a todos nós no momento foi o praticado contra Décio Sá, um jornalista polêmico, homem ligado ao grupo político dominante no Estado, o que faz até o senador João Alberto talvez pensar noutra "operação Tigre", tal qual a perpetrada por ele quando foi por alguns meses governador na década de 1990.
Mas não é isso o que se quer. Chega de soluções ao arrepio da lei que acabam por sair do controle e inocentes tombando, como foi o caso dos irmãos Ildean e Ildeneio Noleto, na mesma tristemente famosa Operação Tigre.
Queremos uma parelho policial preventivo, que aja com ciência na investigação para prender os pistoleiros e desbaratar o sindicato do crime. Uma Justiça ágil, para punir com todos os rigores que as leis nos facultam, desencorajando assim a impunidade que ora assola o nosso Maranhão e grande parte do país.
5 comentários:
É preciso agir e agir rápido! Sair do discurso e partir para ações que de fato protejam o cidadão!
De fato, Josué Moura tem razão, a pistolagem é um inimigo que sempre morou ao lado!!!
caro blogueiro Josué nunca lé uma reflexão tao oportuna para retratar este momento do nosso estado momento esse que já fazem décadas em que os governos tentao mascarar como extinta enquanto esta se extinguindo sao as vidas de homens e mulheres de bem do nosso estado e lamentável ver os nossos políticos dizerem que a pistolagem votou isso e prova que eles não estão acompanhando o que acontece no nosso estado tao oportuna sua matéria como também seria oportuna mais atenção dos nossos políticos para os problemas do nosso povo e nosso estado
mais uma prova de que a pistolagem não voltou pois sempre esteve presente aterrorizando a todos nois sentimento estampado no rosto de cada um e de tristeza, mas sobretudo de revolta e indignação. Afinal, não se matou apenas um jornalista, ou um grande jornalista, mas sim a liberdade.
Concordo plenamente, sou da região de Presidente, como você mesmo citou considerada uma região de conflito, onde a pistolgem é bem frequente, além do ex prefeito de São José dos Basílios, perdi vários amigos de infância como o Francisco e Pires, a pistolagem sempre esteve presente no Maranhão, gostaria muito que isso tivesse um fim.
E a notícia sorbe a execução do Décio já está correndo o mundo: http://globalvoicesonline.org/2012/04/24/brazil-journalist-blogger-executed-maranhao/
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