Após denúncias de irregularidades, Fundação José Sarney mudou de nome em 2011 para Fundação da Memória Republicana Brasileira
O secretário de Articulação Política do governo do
Maranhão, Márcio Jerry, disse nesta segunda-feira ao GLOBO que a
Fundação José Sarney – que em outubro de 2011 teve seu nome mudado para
Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB) – vai ser reaberta à
visitação pública nos próximos dias, mas “dentro de um conceito
realmente republicano”, atendendo aos interesses da comunidade e “sem
culto a particulares”.
Jerry participou ao meio-dia desta segunda-feira de uma reunião com a
superintendente da fundação, Anna Graziella Santana Neiva Costa, e o
presidente do Conselho Curador, Benedito Buzar. Na última sexta-feira,
Anna Graziella havia decidido fechar a FMRB, após o governo Flávio Dino
(PC do B) ter demitido os 48 servidores comissionados da instituição.
Márcio Jerry contestou Buzar, que disse na reunião que “houve boatos e
matérias na imprensa informando que o governo Flávio Dino iria fechar a
fundação”. Segundo Jerry, isso nunca foi cogitado pelo novo governo,
mas “apenas deixamos claro que a fundação teria outras diretrizes, mais
republicanas”.
Entre as medidas
anunciadas por Jerry, está a nomeação pelo governador Flávio Dino (PC do
B) de uma comissão de oito pessoas encarregadas de manter e ampliar as
atividades desenvolvidas na FMRB direcionadas à comunidade do Desterro
(bairro do centro de São Luís onde se localiza a instituição) – entre
elas um curso pré-vestibular, oficinas e aulas de reforço escolar.
Novos funcionários também serão admitidos para substituir os que
saíram, mas a quantidade e os salários ainda serão definidos pelo
governo, informou Márcio Jerry.
O secretário disse, ainda, que o Corpo de Bombeiros fará uma vistoria
na estrutura do convento das Mercês (que abriga a fundação) antes de o
imóvel ser liberado para visitação. Após o término da reunião,
questionada pelo GLOBO, nem Anna Graziella nem o presidente do Conselho
Curador, Benedito Buzar, souberam responder o que foi feito com parte do
acervo da FMRB.
Sumiram das dependências do convento das Mercês (que abriga a FMRB)
retratos que mostram membros da família Sarney representados em imagens
religiosas e uma estátua de bronze de Sarney sentado no banco de um
jardim, onde futuramente o ex-presidente da República queria que fosse
seu mausoléu.
Restaram, no entanto, num canto do convento um busto de José Sarney e
dois carros antigos – um Ford Galaxie Landau e uma Caravan Chevrolet.
Placas informam aos visitantes que os veículos foram usados por José
Sarney e a então primeira-dama Marly Sarney durante o período em que o
maranhense exerceu a Presidência da República.
Também estiveram presentes na reunião de hoje os secretários
estaduais Ester Marques (Cultura), Rodrigo Lago (Transparência e
Controle), Francisco Gonçalves (Direitos Humanos e Participação Popular)
e Bira do Pindaré (Ciência, Tecnologia e Ensino Superior).
Antes de virar Fundação da Memória Republicana Brasileira, em 19 de
outubro de 2011, a Fundação José Sarney foi envolvida em
irregularidades, em 2009, devido ao desvio, para o grupo Mirante de
Comunicação, pertencente à família Sarney, de ao menos R$ 522 mil de
verba de patrocínio da Petrobras. Em maio de 2013, a Controladoria-Geral
da União (CGU) confirmou o sumiço do dinheiro, que com juros e correção
monetária, daria hoje mais de R$ 1 milhão.
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