A crítica de Lahésio Bonfim sobre os gastos com o pré-carnaval no Maranhão é míope, talvez hipócrita e com certeza eivada de preconceito religioso.
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| Lahésio Bonfim |
Pré-candidato ao governo do Maranhão, o médico e ex-prefeito do minusculo municipio de São Pedro dos Crentes, Lahésio Bonfim, usou suas redes sociais recentemente para criticar o governo do estado pelos gastos com o carnaval, apelando para os problemas como a falta de segurança pública, deficiências na saúde, etc.
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| Pré-carnaval do Maranhão - Foto Secom-MA |
Míope, Bonfim não leva em consideração os impactos positivos que eventos culturais trazem para a sociedade e a economia local. Embora a preocupação com problemas estruturais, como segurança pública, saúde e educação, seja legítima e necessária, é importante considerar que investir em cultura e lazer não é incompatível com a busca por melhorias nessas áreas.
Outro ponto relevante é que os recursos destinados à cultura geralmente têm origem em orçamentos específicos, não sendo necessariamente desviados de setores essenciais como saúde e educação. Além disso, a realização de grandes eventos pode aumentar a arrecadação do estado por meio do aquecimento do comércio local e da atividade turística. O carnaval, além de ser uma manifestação cultural tradicional, movimenta a economia ao atrair turistas, gerar empregos temporários e impulsionar setores como hotelaria, gastronomia e transporte. Esses eventos também promovem inclusão social, ao oferecer espaços de lazer acessíveis à população e fortalecer a identidade cultural do estado.
Portanto, em vez de enxergar os investimentos em cultura como desperdício, é válido perceber seu papel estratégico no desenvolvimento econômico e na promoção do bem-estar social, desde que haja uma gestão equilibrada dos recursos públicos, atendendo também às demandas prioritárias da população. E essa gestão vem sendo executada pelo governador Carlos Brandão, mesmo diante de dificuldades.
Mas tem ainda um ponto que quero ressaltar: Desconfio que quando um pseudo conservador como Lahésio Bonfim faz críticas a determinadas questões, temos que analisar se os argumentos apresentados têm base em fatos concretos ou se estão relacionados a possíveis preconceitos, incluindo o religioso. Por se identificar como evangélico, pode haver interpretações de que algumas de suas críticas sejam influenciadas por suas crenças religiosas.
É possível que um político com um discurso conservador e fortemente influenciado por valores religiosos adote posturas mais restritivas em relação a eventos populares, como o Carnaval e festas públicas. No entanto, isso dependeria de como ele conciliaria suas convicções pessoais com a diversidade cultural e a tradição festiva do Maranhão, um estado conhecido por suas manifestações culturais como o Carnaval e o São João.
Na prática, gestores públicos enfrentam pressão para manter eventos que movimentam a economia, principalmente o turismo e o comércio local. Muitos políticos com perfil conservador acabam equilibrando seus discursos com a realidade socioeconômica.
Imaginemos que Lahésio Bonfim viesse a se tornar governador, você acha que a população maranhense aceitaria bem uma gestão com esse perfil restritivo nas festas?
O Maranhão tem uma identidade cultural muito forte, com festas populares que não são apenas entretenimento, mas também fonte de renda e turismo. Eventos como o Carnaval, Bumba Meu Boi e São João são símbolos culturais e possuem grande aceitação popular. Uma gestão que tente restringir essas manifestações provavelmente enfrentará forte resistência.
Além disso, mesmo em governos conservadores, costuma haver uma adaptação para evitar perdas econômicas e políticas, principalmente em estados com tradição festiva tão enraizada.
Penso que esse tipo de proposta inviabilizaria a candidatura de Lahesio Bonfim. No Maranhão, a cultura é uma força mobilizadora, e mexer com as festas populares pode ser um tiro no pé para qualquer político. Mesmo eleitores conservadores costumam valorizar essas manifestações por seu papel cultural, social e econômico.
Se Lahesio Bonfim quiser ampliar sua base eleitoral, será interessante observar se ele moderará esse discurso conservador em relação às tradições culturais do estado, do contrario vai continuar "dando com os burros n'água", sem conseguir chegar a lugar algum.
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