quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

VEREADOR NOVATO QUESTIONA UTILIDADE DE INDICAÇÕES E SE DIZ DESANIMADO

O desabafo de Júnior Gama reflete não apenas a frustração de um vereador diante da ineficácia das indicações, mas também revela um desconhecimento – ou acomodação – quanto ao verdadeiro papel de um legislador municipal. 

Júnior Gama (PSD)
O vereador Júnior Gama (PSD) se manifestou ontem, durante sessão da Câmara Municipal de Imperatriz, questionando a real utilidade das famosas indicações feitas pelos vereadores ao executivo municipal e até ao governo estadual.

Mal assumiu a cadeira, Gama demonstrou um crescente desânimo ao perceber que, apesar de apresentar pedidos constantes – principalmente relacionados à infraestrutura urbana, como asfaltamento e tapa-buracos –, as demandas demoram a ser atendidas ou, pior, nunca o são. Em um ato quase desesperado, pediu que outros vereadores subscrevessem seu pedido, talvez na tentativa de dar mais peso à solicitação e pressionar o executivo. No entanto, essa estratégia não é novidade e vem sendo adotada em todas as legislaturas nos últimos 20 anos.


Segundo o parlamentar, isso gera uma sensação de “trabalho em vão”. A repetição de palavras como “desânimo” e expressões como “tristeza tão grande de estar aqui” evidenciam sua frustração ao perceber que seu papel perde sentido quando não há resultados concretos. Ele menciona que, diariamente, são feitos inúmeros pedidos (10, 15 ou mais), mas a falta de resposta torna o processo desmotivador.


O desabafo de Júnior Gama reflete não apenas a frustração de um vereador diante da ineficácia das indicações, mas também revela um desconhecimento – ou acomodação – quanto ao verdadeiro papel de um legislador municipal. Se ele apenas repete os pedidos que seus colegas também fazem e se frustra com a falta de resposta, talvez seja um sinal de que sua atuação está presa a um modelo burocrático e pouco eficaz.


Ao citar locais como a entrada da Cafeteira e da Jacob, além do bairro Jardim Tropical, ele reforça que há regiões inteiras necessitando de melhorias. No entanto, a precariedade da infraestrutura urbana de Imperatriz não é novidade. A cidade cresceu de forma desordenada, com muitos bairros surgindo de invasões e loteamentos irregulares, sem qualquer planejamento urbano. Durante décadas, os problemas foram simplesmente empurrados para as gestões seguintes. Somente a partir da administração Sebastião Madeira ate aqui houve um maior controle sobre o uso e ocupação do solo urbano. Além disso, o maior gargalo da infraestrutura municipal continua sendo a falta de saneamento básico, agravada pela ineficiência crônica da Caema.


Diante desse cenário, é evidente que nenhuma administração conseguirá resolver todos os problemas em quatro ou oito anos, muito menos em pouco mais de um mês de gestão.


O discurso do vereador pode ter dois efeitos distintos:

1. Aproximação com a população – Ao expor sua frustração, ele pode estar tentando demonstrar que está do lado dos cidadãos e que tem lutado por melhorias, mas enfrenta barreiras.

2. Autocrítica ao Legislativo – Pode ser uma tentativa de reconhecer a limitação do papel do vereador, que, muitas vezes, apenas indica obras, mas não tem poder para executá-las.

No entanto, seu discurso reforça uma visão limitada sobre a função de um vereador, como se seu principal papel fosse apenas solicitar asfaltamento e tapa-buracos. A atuação legislativa vai muito além disso. Em vez de apenas reclamar da falta de resposta do Executivo, ele poderia adotar medidas mais efetivas, como:

Cobrar formalmente a prefeitura, questionando onde estão os recursos e se há falhas na gestão.

Utilizar os mecanismos legislativos para fiscalizar e, se necessário, abrir investigações.

Propor leis que incentivem melhorias estruturais e garantam recursos para infraestrutura.

Atuar na definição do orçamento municipal, sugerindo emendas e pressionando por investimentos nas áreas mais urgentes.

Buscar parcerias e recursos estaduais ou federais, além de promover audiências públicas para debater soluções concretas.

   Ainda é cedo para exigir grandes mudanças da nova gestão, que tem pouco tempo à frente da prefeitura. Mas o episódio serve como alerta: se os próprios vereadores não repensarem seu papel e adotarem uma postura mais ativa e estratégica, seguirão presos ao ciclo vicioso das indicações sem resposta – e da frustração que as acompanha. Tenho dito!


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