“É como dizer: ‘ou eu ganho ou viro a mesa’. Todos os candidatos devem aceitar o resultado das urnas”, disse cientista político
“Eu não posso falar pelos comandantes militares. Respeito todos eles. Pelo que eu vejo nas ruas, eu não aceito resultado das eleições diferente da minha eleição.”
A frase gerou várias críticas. Em matéria sobre o assunto no jornal O Globo, Claudio Couto, professor de ciência política da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), classificou a fala do candidato do PSL como “desapreço pela democracia”.
“Isso significa o não reconhecimento do resultado que não lhe satisfaça. Significa que o desejo dele define o que é que resultado legítimo. É como dizer: ‘ou eu ganho ou viro a mesa’. Todos os candidatos devem aceitar o resultado das urnas. Essa declaração poderia ser recebida até como ameaça. O assustador é isso ser falado do candidato que lidera as intenções de voto”, disse.
Já David Fleischer, cientista político da Universidade de Brasília, afirmou que falar em “ruas” é genérico.
“Essa declaração é de quem não aceita perder. O Brasil tem mais de cinco mil municípios e umas 300 cidades grandes. Ele não pode afirmar o que está acontecendo nas ruas. ‘As ruas’ é muito genérico”, afirmou o professor.
Mandou vice parar de falar
Bolsonaro comentou ainda sobre as declarações de seu vice, general Mourão: “Ele demonstrou desconhecimento da Constituição, pois agride o trabalhador. Falei para ele ficar quieto, parar de falar, porque estava atrapalhando. Vice não apita nada, mas atrapalha muito”.
Em relação à teoria da conspiração de que o atentado que sofreu teve motivação política, tese desmontada pelo Polícia Federal, Bolsonaro fez insinuações: “Não quero acusar ninguém, mas o delegado que cuida do caso trabalhou por dois anos com o Fernando Pimentel (governador de Minas Gerais pelo PT). Não quero fazer um pré-julgamento”, disse, para emendar em seguida: “O grande acerto do Centrão e do PT é o indulto para Lula”.
O militar voltou a defender a opinião de que as urnas eletrônicas não são confiáveis e diz que está pronto para o segundo turno. Contudo, revelou que, segundo ordens dos médicos, ele não deve ir para a rua antes do dia 10 de outubro. “Não pretendo descumprir recomendações médicas. Pelo menos em casa eu fico mais ativo nas redes sociais. (Revista Fórum).