sexta-feira, 21 de maio de 2010

Grilagem, Corrupção e Violência em Terras do Karajás, livro polêmico que acusa advogados, políticos e fazendeiros da região será lançado em Imperatriz


O livro cita muita “gente boa” de Imperatriz nas áreas da política e da Justiça que nas décadas de 60, 70 e meados de 80 incentivavam, participavam ou de alguma forma estavam ligados à grilagem de terras.

Grilagem, Corrupção e Violência em Terras do Karajás, polêmico livro do Padre Victor Asselin, que narra um período marcante da disputa pela terra no Maranhão foi reeditado recentemente e será lançado em Imperatriz dia 25 de Maio (terça-feira), no auditório da Uema.

Victor Asselin foi um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Brasil e o seu livro, lançado pela primeira vez em 1982, é considerado uma das principais denúncias sobre a grilagem de terras em nosso país.

O evento está sendo organizado Pela CESI/UEMA através do Programa Diálogos e o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural – CENTRU/MA, apoiado por várias entidades da sociedade civil.

Algumas considerações sobre o livro:

Naquela época não havia a chamada "ocupação" ou invasão de terras pelos trabalhadores rurais. As terras eram devolutas, mas nem sempre estavam desocupadas, então com a ajuda de governos, membros do Judiciário e advogados, donos de cartórios, pistoleiros formavam milícias armadas e faziam a “limpeza” para os novos "donos", queimando até povoados implantando o terror e a morte. Quem não saía acabava em baixo de sete palmos. Tais fatos se deram em larga escala notadamente nos governos de José Sarney, João Castelo e Luiz Rocha.

Aconteceu assim a expulsão do homem do campo, ocorrendo um grande “êxodo rural”, com a conseqüente ida de uma grande massa campesina para as cidades como Imperatriz, Marabá, Açailandia, entre outras, que incharam de uma hora para outra. O reflexo disso essas cidades vivem hoje, com os problemas de Saúde, Educação e Infraestrutura urbana.

O livro cita muita “gente boa” de Imperatriz nas áreas da política e da Justiça que nas décadas de 60, 70 e meados de 80 incentivavam, participavam ou de alguma forma estavam ligados a grilagem de terras. Entre os citados estão os advogados Agostinho Noleto e Sálvio Dino (ex-deputado pelo PDS) , o ex-juiz, ex-prefeito e ex-governador Ribamar Fiquene, o ex-vereador Edson Caldeira,  o finado  ex-prefeito e deputado Davi Alves Silva, o "Mané Goiano, como era conhecido no mundo da pistolagem. (Daví Alves Silva - foto arquivo)

Pedro Ladeira, famoso pistoleiro - também já no outro mundo - "limpador" de fazendas para os grileiros e o ex-pistoleiro "arrependido" José Bonfim, também  são citados no livro. Depois de alguns anos de prisão, Bonfim que mora em Imperatriz, atualmente está em liberdade, talvez por bom comportamento, já que é evangélico e se diz um homem "lavado no sangue de Cristo".(José Bonfim, foto arquivo)

Alguns desses personagens se eram  ligados à grilagem, mudaram de comportamento, seguiram outros caminhos, como o advogado Agostinho Noleto que depois se tornou até membro da Comissão de Direitos Humanos da Diocese de Imperatriz. Mais tarde, na década de 90, secretário de Segurança Pública do Maranhão teve contra si a ira dos fazendeiros quando aconteceu a morte do fazendeiro Zequinha Rocha. A UDR, liderada pelo Coronel Guilherme Batista Ventura, acusou Agostinho de defender "os invasores" da fazenda de Zequinha que num confronto armado com os posseiros tombou com mais de 100 tiros. Hoje Agostinho é Diretor Regional de Educação e presidente da Academia Imperatrizense de Letras.

Segundo os organizadores, o lançamento desta nova edição de  Grilagem, Corrupção e Violência em Terras do Karajás tem como objetivo principal estimular o debate sobre a questão agrária no Maranhão, mas como sempre o passado persegue as pessoas. Muita gente verá rememorado através do relançamento desse livro, fatos que gostariam de ver esquecidos, sepultados para sempre no grande cemitério da impunidade.

Confira a programação do evento:

Data do evento: 25/05/2010 (Terça-feira)

Local: CESI/UEMA

14h00min – 14h15min: Abertura

14h15min – 14h45min: Mostra fotográfica, com esclarecimentos pela autora Vanusa Babaçu (Pedagoga);

14h45min - Oficina: Formação de lideranças comunitárias - Formador: Pe. Victor Asselim;

16:30h: – Lanche;

17:30h: - Lançamento do Programa “Diálogos”;

18:00h – Lançamento do Programa de “Mestrado em Desenvolvimento Sócio-espacial e regional” - Coordenadora do Mestrado: Dra. Zulene Muniz Barbosa;

19:00h – Mesa redonda: “A Sócio-sustentabilidade e a Questão da terra”. Coordenação: Prof. Expedito Barroso (coordenador do cesi/uema), Palestrantrantes: Dom Gilberto Pastana (Bispo de Imperatriz) -Tema: O Plebiscito sobre o limite da terra; Manoel Conceição Santos (Educador Popular) - Tema: “O empoderamento social a partir da terra”; João Palmeira Júnior (agrônomo) – Tema: “Impactos socio-ambientais dos grandes projetos;

20:00 – 20:30h – Participação da Plenária;

20:30 – Lançamento Livro “Grilagem: corrupção e violência em Terras do Carajás”-Autor: Victor Asselim;

20:30 – 20:45- Apresentação do obra e do autor pelo editor;

20:45 – 21:30 – Trajetória de lançamento e relançamento da Obra pelo autor;

21:30 – Sessão de autógrafos e Momento Cultural.

8 comentários:

Anônimo disse...

Prabéns Moura,
Só mesmo você, sempre bem informado com tanto conhecimento histórico poderia nos brindar com um post desses.
Um abraço,
Luciano Borges Mariano

Eliane disse...

Incontestável! Um grande documentário que denuncia os crimes da Grilagem que era patrocinada pelos políticos e outros poderosos, protegidos pela polícia e pistoleiros. É a verdade nua e crua a bater na cara de muitos "santos do pau ôco" que agora talvezn com medo do fogo do inferno, adotam a a postura de "madalena arrependida".

Anônimo disse...

Será que esse pessoal depois de convertido, devolveu as terras roubadas? Ficar com o produto roubado é o mesmo que continuar roubando.
Não existe conversão se não houver reparação.
Se for possivel estarei lá.
Muito obrigado.
Pe. Argenor Mendonça.

Manuel L. Parreão Filho disse...

Quem sabe, o passado de alguns destes explique o motivo de tanta subserviência à família Sarney. Hoje, na sombra da oligarquia, tem gente que posa de escritor, educador... Quanta miséria moral!

L. S. D. disse...

Tenho a primeira edição desse livro, que considero um dos melhores - se não o melhor - sobre a violência no campesinato da nossa região.

Anônimo disse...

tive a oportunidade de conhecer os falecidos Pedro Ladeira e Davi Alves e Silva e o Zé do Bonfim.Naquela época existia motivos(disputas),ainda que imorais,atrás dos assassinatos.Hoje os crimes são banais .

Anônimo disse...

Como consigo o livro????

Anônimo disse...

Também quero o livro A fama e a verdade de José Bonfim