terça-feira, 18 de maio de 2010

Jurivê, antes de tudo um mágico da escrita, um gozador da vida


Em viagem, embrenhado pelo interior, fui  informado da morte do jornalista Jurivê Macedo. Sem computador ao alcance, só agora pude escrever estas linhas para em primeiro lugar manifestar minhas sinceras condolências aos familiares, aos amigos e colegas desse grande ícone da nossa imprensa tocantina.

Em segundo,  sem muitas palavras - não é hora de lamentações -, celebrar a passagem de Jurivê pelo nosso meio, manifestar  alegria por ter tido a honra de ser contemporãneo de uma figura tão brilhante e inteligente, que era antes de tudo um mágico da escrita,  um gozador da vida.

De olhar inteligente, analista, Jurivê sempre tinha algo pitoresco para ilustrar um pensamento, uma história, um causo. Na crônica política, com seu estilo de linguagem fácil parecia brincar com as palavras, mas  quando era preciso dava o seu recado sério, direto, sem meias palavras ecoando e cumprindo o seu mister. Dessa forma, durante décadas, Jurivê escreveu numerosas páginas da história de Imperatriz.

Como escribas, eu e Jurivê tivemos divergencias em determinados momentos, quando algumas vezes defendiámos nossas idéias  no quase sempre conturbado cenário político local, mas sempre nos respeitamos. Graças a um amigo comum, o ex-deputado Onofre Corrêa, algumas vezes demos gargalhadas saboreadas de algumas latinhas de cerveja, pois mesmo com problemas de saúde Jurivê era antes de tudo um homem que não se preocupava com a morte e vivia a vida intensamente. Costumava  dizer que dali pra frente "o que viesse era lucro e que a morte estava dentro do cálculo lógico das probabilidades".

Jurivê estava certo, pois como escreveu Luigi Pirandello, "quem tem a sorte de nascer personagem vivo, pode rir até da morte. Não morre mais... Quem era Sancho Panza ? Quem era Dom Abbondio ? E, no entanto, vivem eternamente, pois - vivos embriões - tiveram a sorte de encontrar uma matriz fecunda, uma fantasia que soube criá-los e nutri-los, fazê-los viver para a eternidade!"

Jurivê vive,  um personagem vivo que ficará para sempre nos anais da história da imprensa maranhese, na memória de Imperatriz.

Descanse em paz Jurivê!



 

Um comentário:

Anônimo disse...

Para mim a melhor nota sobre Jurivê, só poderia vir mesmo de alguém tão bom de escrita como você. Concordo que mesmo tristes, pois niguém se conforma com a morte, devemos também celebrar a existencia dele que entra para a história como um dos grandes nomes de Imperatriz.(Edivaldo Monteiro)