terça-feira, 19 de outubro de 2010

Fernando Henrique convida Lula para "um café", depois que este deixar a Presidência da República

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que temas religiosos nunca estiveram na sua agenda como candidato ao Palácio do Planalto e que questões como aborto e drogas não devem ser eleitorais.
 
"Eu nunca entrei nesses temas religiosos em campanha. Eu acho que as pessoas têm todo o direito de discutir. E acho que os políticos não devem confundir a questão do Estado com a questão confessional", disse ele.

"Questão sobre aborto não é eleitoral, como a questão da droga", afirmou FHC. Para ele "que as pessoas discutam sistemas é natural, mas acho uma questão de convicção pessoal, e não uma questão política". Antes de um encontro de líderes do PV com o presidenciável José Serra, o ex-presidente também criticou a campanha de Dilma Rousseff e o presidente Lula, com um pedido para que nenhum deles contribua "para dividir o Brasil".

Distante da campanha de Serra no primeiro turno, FHC disse que pedir votos "não é compatível" com o papel de um ex-presidente da República.
 
"Eu participo da campanha dentro dos limites que eu acho que é possível para um ex-presidente da República. Eu não sou como o presidente Lula, que é cabo eleitoral", afirmou.

Com Lula...
E repetiu o convite para "um café" com Lula depois que o presidente deixar o Palácio do Planalto. "Eu quero ver ele dizer que apoiou o Plano Real, que tudo começou no governo dele. O Lula não precisaria ser mesquinho, negar o que foi feito no passado".

O ex-presidente chamou de "eleitoreiras" as críticas de Dilma e Lula, que o acusam de ter impulsionado uma possível venda da Petrobras. "Nunca esteve em cogitação a privatização da Petrobras", afirmou. "Nós transformamos a Petrobras no que ela é hoje, uma empresa que atua globalmente".

Ele também considerou como totalmente eleitoreira a declaração do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, de que o seu governo pretendia desmembrar e posteriormente privatizar a estatal. "Só pode ser eleitoral, não tem base nenhuma e nunca esteve em cogitação a privatização da Petrobras", observou. Fernando Henrique destacou ainda que em sua gestão a exploração do petróleo no País aumentou muito mais que no governo do presidente Lula: "Nós transformamos a Petrobras no que ela é hoje", disse ele. Na semana passada, Gabrielli divulgou nota acusando o governo anterior de ter preparado a Petrobras para a
privatização.

Meio ambiente
Fernando Henrique disse ainda ter sido o primeiro a concordar com a organização ambiental Greenpeace na defesa da meta de desmatamento zero na Amazônia. "Eu acho esse fato (o apoio de integrantes do PV) agora muito importante", afirmou. "O PSDB está se comprometendo com as teses da sustentabilidade."

 Investigação
O PSDB e o DEM vão pedir que a Procuradoria-Geral da República investigue um aliado da candidata Dilma Rousseff: vão apresentar requerimento pedindo que seja apurado a atuação de Valter Cardeal como diretor da Eletrobrás. Cardeal é braço-direito de Dilma no setor elétrico há 20 anos. Denúncia da revista "Época" liga Cardeal a num empréstimo internacional milionário. Autores da representação, congressistas do DEM e do PSDB também pedem que a Procuradoria esclareça se houve favorecimento aos negócios do irmão de Cardeal. A oposição apresenta ainda um adendo a uma primeira representação movida contra a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra, que deixou o cargo depois de denúncias de tráfico de influência na pasta. E pedem a inclusão da denúncia de que uma ex-assessora de Dilma foi investigada pelo TCU por contrato sem licitação no Ministério de Minas e Energia.

PV dá apoio
Acompanhado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador eleito Geraldo Alckmin, entre outros lideranças políticas, Serra recebeu ontem o apoio dos candidatos derrotados ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, e ao governo de São Paulo, Fábio Feldman, ambos do PV. O Partido declarou  independência para o segundo turno, segundo Marina Silva, mas liberou filiados.
 
"Não é segredo meu apoio a José Serra desde o princípio do primeiro turno na hipótese de estarmos aqui ",disse Gabeira, segundo colocado na votação que reelegeu o governador Sérgio Cabral. E Feldman disse que "Dilma tem dificuldade em compreender a questão da sustentabilidade", daí sua opção. (Carlos Fehlberg).

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