terça-feira, 30 de novembro de 2010

Lula se irrita com repórter ao ser questionado sobre Sarney

Leonencio Nossa, enviado especial do Estadão

Roseana e Lula, em Estreito-MA
ESTREITO (MA) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou profundamente irritado nesta terça-feira, 30, em Estreito (MA) com uma pergunta da imprensa sobre sua relação com a oligarquia Sarney no Maranhão. "Se você tiver que fazer algum protesto você vai para o Amapá, porque foi lá que o povo elegeu Sarney. E vai para São Paulo, porque o povo elegeu Tiririca. Na medida que a pessoa é eleita e toma posse, ela passa a ser uma instituição e tem que ser respeitada", afirmou, dirigindo-se ao repórter.

A pergunta a Lula era se a visita dele ao Maranhão seria em agradecimento ao apoio do grupo Sarney nos oito anos de seu governo. "Uma pergunta preconceituosa como esta é grave, para quem está oito anos cobrindo Brasília. Demonstra que você não evoluiu nada. É uma doença. O Sarney colaborou muito para a institucionalidade. Eu não sei por que o preconceito. Você tem de se tratar. Quem sabe fazer psicanálise", disse.
Nesse momento, a governadora Roseana Sarney interferiu. "É preconceito contra a mulher. Eu fui eleita governadora do Maranhão para tomar conta do povo." Lula emendou: "Sarney não é o meu presidente. Ele é o seu presidente do Senado ele é o presidente do Senado deste País. Eu lamento que não tenha tido evolução (da imprensa)."

Humildade. Mais cedo, o presidente havia feito um discurso atípico, no qual reconheceu que antecessores não tiveram as mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho consciência que outros presidentes da República não tiveram as mesmas condições que eu", afirmou. "O presidente Sarney pegou o Brasil em época de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", afirmou Lula.

As declarações foram feitas em um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa do Maranhão com Tocantins. Ainda em tom de humildade, o presidente observou que a inauguração da obra ficará mesmo para o governo de Dilma Rousseff. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para fechar a comporta, pelo menos", declarou o presidente.

Lula disse que precisou desmarcar três visitas à obra por causa de problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção da usina. O presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, com o movimento de atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os pescadores continuem suas atividades. "Eu não queria violência com qualquer pessoa", declarou Lula.(fim da matéria)

Meu comentário:

Mesmo com com acordo prévio com o movimento dos  atingidos pela barragem para evitar constrangimentos ao Presidente e demais visitantes, vaias e alguns gritos de protesto ainda foram ouvidos durante os discursos do desgastado prefeito de Estreito, Zequinha Coêlho, e da governadora Roseana Sarney. 

Insatisfações políticas à parte, a razão é que o Ceste não têm cumprido na íntegra  os compromissos firmados com os atingidos pela construção da Hodrelétrica, o que tem gerado grande insatisfação e incertezas  nas populações  dos municípios da área de abrangência da obra.

Discursos empolgados com loas ao desenvolvimento, geração de energia para os grandes empreendimentos, são muitos, mas pouco se vislumbra para o homem simples, para aqueles que estão tendo o incômodo de serem removidos para fora de suas moradias, obrigados a se readaptarem a outro modo de vida.

No topo de sua popularidade, Lula empenhou a sua palavra em favor dos atingidos. Isso para eles caiu como um bálsamo, resta esperar que se concretize as promessas do presidente que se despede...

4 comentários:

Anônimo disse...

Vejam que pérola!

Cana de dois a cinco anos! É o que merecem esses jornalistas preconceituosos que fazem perguntas incômodas sobre Sarney. Segundo Lula, o senador “colaborou muito para que a institucionalidade fosse cumprida”, e fazer indagações que o relacionem à oligarquia torna o jornalista candidato ao divã! Como a gente sabe, o único que tentou destruir o Brasil foi… FHC!!!

Creio ser preciso reformar a Lei 7716, aquela que pune preconceito contra “raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.” Caso a PL 122, aquela tal da homofobia, passe, o texto ficará ainda mais generoso (ou menos, a depender da leitura). Serão também protegidos dos línguas de trapo a orientação sexual, a identidade de gênero, os idosos e os deficientes.

Estou pensando em lançar uma espécie de manual prático para o indivíduo que não se enquadra em nenhuma dessas categorias não parar inadvertidamente para a cadeia, uma vez que o texto não busca punir apenas a “ação violenta, constrangedora, intimidatória ou vexatória”, mas também os constrangimentos de “de ordem moral, ética, filosófica ou psicológica.” Vai saber quando alguém se sente “psicologicamente discriminado”. Na falta de um manual, sugiro que os não-enquadrados na proteção da lei andem de burca na rua… Ninguém poderá dizer: “Olhou feio pra mim; estou psicologicamente abalado; teje preso”

Volto a SarneyLula sugere que a pergunta do repórter revela preconceito de “procedência nacional”. É o bastante para render uma cana, já que o cara resiste em se tratar, né? Mas vamos combinar: um juiz pode achar exagero e não tomar a devida providência.

Assim, acho que é preciso votar urgentemente um PL, sei lá, 171 talvez, que dê a seguinte redação ao artigo 20 da Lei 7716:
Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional, orientação sexual, identidade de gênero ou falar mal da Família Sarney:
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

E que fique claro: CRIME INAFIANÇÁVEL E IMPRESCRITÍVEL!!!

Por Reinaldo Azevedo (Revista Veja)

Anônimo disse...

Dizem que essa obra custará 4 bi, mas já se pode colocar uns duzentos ou trezentos mil a mais só para o Lula vir aqui apertar um botão. Veio, enfim, passear no seu caríssimo jatão, às nossas custas, evidentemente. Poderia ter feito o aperto do botão por videoconferência e economizaríamos uma fortuna e não haveria, também, impropérios contra jornalistas que perguntam o óbvio, aquilo que todo mundo do Maranhão vive se perguntando. O Coroner Lula e o Ribamar são iguais hoje e ambos aprendizes do Davi Alves Silva de outrora que roubava dos ricos e distribuía aos pobres, mas sempre amealhando a maior parte, é claro, já que ninguém é de ferro. Mas o tempo da bandalheira sempre passa e parece que seu fim é iminente com o recrudescimento da inflação. Enquanto isso, a Roseana sequer agride os jornalistas, preferindo fugir para não dar explicações sobre o abandono da duplicação que ela inventou para a Av. Pedro Neiva. Se tivesse consertado o que lá existia, recapeando, já estaria na operação tapa buraco novamente. Agora, nem uma coisa nem outra, só uma obra pela metade e risco altíssimo para os que necessitam daquela via. Tomara que os advogados não se esqueçam de chamar o Estado e a Roseana para arcar com as indenizações dos acidentes que lá ocorrerem por culpa exclusiva da governadora eleita.

Anônimo disse...

HORRÍVEL A MANEIRA COMO SE COMPORTOU O PRESIDENTE NO AEROPORTO. QUANDO SAIU DO JATO QUE O TRAZIA, DEU UMA PEQUENA ENTREVISTA PARA REPORTES QUE VIAJAM JUNTO NO MESMO AVIÃO QUE O CONDUZ E COMO O LEITOR FALOU, CORREIO PARA O HELICÓPTERO ONDE PERMANECEU ALI DENTRO POR MAIS DE VINTE MINUTOS ANTES DE DECOLAR. O MÁXIMO QUE FEZ FOI LEVANTAR A MÃO QUANDO IA ENTRANDO NO HELICÓPTERO. SEM FALAR NA MANEIRA DESRESPEITOSA COM QUE SE APRESENTOU AO PREFEITO MADEIRA. ENTROU NO HELICÓPTERO E DEIXOU ROSEANA E MADEIRA FALANDO SÓ NO MEIO DO TEMPO. É ESSE O PRESIDENTE QUE OBTEVE A MAIOR VOTAÇÃO DO NORDESTE EM IMPERATRIZ E TRATA AS PESSOAS DAQUELA FORMA. VERGONHA PRESIDENTE, ESSA É A MAIOR VERGONHA QUE O SENHOR JÁ FEZ A GOVERNADORA, AO PREFEITO MADEIRA E AO POVO DE IMPERATRIZ.

Tudo verdade, obrigado pela participação.

Anônimo disse...

Sobre isso muito bem escreveu o jornalista João Bosco Rabello, de Brasília:

QUEM PRECISA DE PSICANÁLISE É O PRESIDENDE, PARA AJUDÁ-LO NA VOLTA À PLANÍCIE

Não se sabe qual o conceito de “evolução” do presidente Lula para chamar de retrógrado um repórter que lhe perguntou se estava no Maranhão agradecendo o apoio da oligarquia Sarney nas eleições presidenciais.
Mas a receita que sugeriu ao repórter é mais recomendável neste momento ao próprio Lula: um psicanalista que o ajude no processo de volta à planície.

Só uma fobia aguda pela saída do poder explica uma reação tão despropositada e de conteúdo tão desmerecedor: afinal, mesmo ao ser mais distraído não é dado desconhecer que a política dos velhos clãs está em extinção.

A pergunta do repórter Leonêncio Nossa, da Agência Estado, faz todo o sentido principalmente se lembrada a opinião do mesmo Lula há alguns anos sobre o aliado de hoje.

Dizia ele que Sarney representava o atraso e a corrupção. Hoje é sinônimo de evolução política.

Nada de mais: Lula disse o mesmo de Collor que disse o mesmo de Sarney para se eleger seu sucessor. Hoje estão todos juntos a pretexto da governabilidade.

Agora, difícil mesmo é saber onde está o preconceito que o presidente acusou na fala do repórter. Foi preciso que a governadora Roseana Sarney atalhasse para colocar-se como alvo por ser mulher.

Ora, ora, então ficamos assim: qualquer crítica debita-se à conta de um preconceito – qualquer um, mesmo que não se possa identificá-lo – e está resolvido o problema.

Ainda que alguns “preconceitos” tenham acabado na polícia ou no Judiciário. Ou em ambos. (Lurdes)