Entrevista/Aleksander Costa:
O Hospital, gerido pela Igreja católica, está sem plano operativo, com máquinas paradas e mensalidades atrasadas pela Prefeitura Municipal
Aleksander Costa, diretor do Hospital São Francisco de Assis (HSF),
gerido pela Sociedade São Camilo, concedeu entrevista a este jornal para
falar sobre plano operativo, plantões de médicos, valores de repasses
ainda atrasados pela Prefeitura Municipal de Grajaú, trabalhos
realizados pelo HSF, entre outros. Segundo Aleksander, o Hospital São
Francisco ainda não apresenta um quadro financeiro estável, tendo em
vista que os valores de entrada ainda não superam as despesas da
entidade.
Por que o HSF ainda não tem um plano de trabalho e cabe a quem assinar esse plano?
Cabe à Secretaria de Saúde na pessoa do seu secretário Marquinho Jorge
que tem que elaborar esse plano e ver qual a pactuação que o hospital
tem que fazer, quais as metas a serem alcançadas no que diz respeito a
cirurgia, maternidade, pediatria. Isso tudo tem que ser pactuado e tem
que ser feito pela secretaria do município.
Como são feitas as auditorias no HSF?
Elas são feitas mensalmente. O Dr. Ricardo que é o auditor municipal
vai ao hospital, pega prontuário por prontuário, verifica o que foi
utilizado; tudo dentro das normas técnicas, daí ele audita e dá o visto.
Como ele realiza esse trabalho se o hospital ainda não tem um plano operativo?
Esses prontuários são auditados independentemente da assinatura do
plano operativo. Ele vai para o Ministério da Saúde independente de ter
plano ou não. É claro que nós somos cobrados pelo Ministério da Saúde
para mandar esse plano junto com o convênio porque essa pactuação faz
parte do convênio.
Em sessão plenária no mês de junho, o vereador Telmiston Sousa
(PMN) mencionou que alguns médicos não cumprem os seus plantões. Isso
acontece mesmo e como eles são cobrados?
Quando temos conhecimento apuramos de imediato e damos uma punição ao
médico: fazemos uma notificação a ele ou é descontado em salário. Não
aceitamos nenhum tipo de ausência no plantão. Todos os médicos são
repreendidos e quando isso acontece o hospital solicita a denúncia.
Quais valores estão atrasados e referentes a quais trabalhos prestados pelo hospital?
Hoje estamos com R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) para
receber da Prefeitura atrasados, referentes à produção da gestão
passada. Até dezembro de 2012. Os municípios de Arame e Sítio Novo
também ficaram de contribuir com R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e R$
10.000,00 (dez mil reais) respectivamente, mas até agora nada. Mas esses
mesmos municípios continuam a enviar enfermos ao hospital.
Quais trabalhos realiza hoje o HSF?
Somos aptos a fazer qualquer tipo de serviço: ortopedia, maternidade,
pediatria, clínica médica, mas não sabemos o que temos que fazer;
estamos fazendo de tudo. O hospital atende hoje todos os tipos de
patologia. Todas as clínicas que eu citei que não têm essa pactuação.
Não sabemos, porém, o que é de fato para fazer; nem o Hospital Santa
Neusa sabe quais são suas atribuições no município. Temos no hospital
uma ultrassom que está parada há três meses; poderia estar sendo usada,
mas o município não nos procurou para pactuar a utilização desse
aparelho. A população tem ido buscar esse tipo de serviço, mas pagando
particular porque não tem nada pactuado pelo SUS.
Quando for assinado o Plano Operativo, ele irá resguardar o hospital em quais pontos?
Ele irá direcionar nossas metas e o nosso trabalho, ou seja, qual o
nosso papel no município para as diversas áreas. Ele irá direcionar
quantas cirurgias iremos fazer, quantos serviços ambulatoriais, quantos
exames de raios x, enfim, irá nos nortear para tudo aquilo que temos que
fazer.
Como é avaliado o trabalho por produção?
Apresentamos os trabalhos/serviços, dentro do valor que temos
mensalmente, que é R$ 220.000,00 (duzentos e vinte mil reais), mostrando
os detalhes de valores de cada serviço. O que é excedente vai para o
mês seguinte. Todo trabalho tem um valor. Por exemplo: uma cesária custa
R$ 500,00 pelo SUS. Daí eu apresento todas as cesárias realizadas no
mês até atingir o valor que temos disponível. Dentro da média
complexidade, tudo que aparece o Hospital São Francisco atende. Os três
hospitais da cidade estão realizando praticamente os mesmos tipos de
serviços.
Gostaria de acrescentar algo?
Gostaria de pedir ajuda para que tragam mais recursos ao hospital
através de emendas parlamentares. Quem tiver contato com parlamentares,
nós temos dois projetos do Rede Cegonha parados em Brasília no valor de
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) poderíamos até ter uma UTI neo aqui
para as crianças recém nascidas, prematuras, que vão para Imperatriz,
mas falta articulação política por parte de Grajaú.
MATÉRIA PUBLICADA NO JORNAL IMPRESSO GRAJAÚ DE FATO, EDIÇÃO Nº 1, ANO 1
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