Droga e outras similares, como a merla e o óxi, já afetam 152 municípios maranhenses; crimes contra a vida aumentam na mesma proporção da proliferação da droga


O consumo de crack e outras drogas correlatas, como a merla e o óxi, já atinge 152 municípios maranhenses. O número representa 86,4% das 176 cidades pesquisadas pelo Observatório do Crack, um portal da Confederação Nacional de Municípios (CNP), criado em 2011 para mapear permanentemente a difusão do crack em todo o país e subsidiar com informações mais precisas os programas de combate à droga.
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O consumo já virou uma epidemia no estado, e trouxe consequências sociais sérias, como a desintegração familiar e o aumento da criminalidade – especialmente dos crimes contra a vida. Prova disso é que os assassinatos na Grande Ilha (São Luís, São José de Ribamar e Paço do Lumiar e Raposa) mantêm-se no patamar de mais de 73 registros mensais desde abril deste ano – sempre com mais de 70% dos casos motivados, segundo a polícia, por acertos de contas relacionados ao tráfico de drogas.

De acordo com o Observatório (http://www.cnm.org.br/crack/), 38 municípios maranhenses (21,6% do total de cidades pesquisadas) apresentam um nível “alto” de circulação do crack – entre eles a capital do estado, São Luís. As cidades com nível “médio” de proliferação da droga somam 62 (35,2%), e as com nível “baixo”, 52 (29,6%).

Entre as cidades do Maranhão onde o crack apresenta nível “alto” de circulação, aparecem tanto cidades de grande porte, como São Luís, Açailândia, Caxias, Barra do Corda e Chapadinha, como de pequeno a médio, a exemplo de Rosário, Alcântara, Pedro do Rosário, Presidente Sarney, Penalva, São João Batista, São Vicente Ferrer, Paço do Lumiar, Vitorino Freire, São Mateus e Dom Pedro.
Imperatriz, segundo município mais importante do estado, é classificado pelo Observatório do Crack no nível “médio” de circulação da droga.

A situação do crack no Maranhão ilustra bem os resultados apontados pela pesquisa “Estimativa do número de usuários de crack e/ou similares nas capitais do país”, divulgada na quinta-feira (19).

JP24525.29Realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sob encomenda da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (do Ministério da Justiça), e do Ministério da Saúde, o estudo mostra que as capitais do Nordeste do país abrigam o maior contingente de dependentes de crack, merla e óxi: 148 mil, sendo 28 mil menores de idade (18,9%).

Nas 26 capitais do país, mais o Distrito Federal, o número de usuários chega a 370 mil, segundo a pesquisa (50 mil são menores; perto de 14%).

No estudo da Fiocruz não foram apresentados números específicos sobre as unidades da federação nem das capitais, mas em São Luís o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD) estima que existam mais de 8 mil usuários de crack e drogas correlatas só na capital do estado.

O Centro – que tem realizado periodicamente operações de recolhimento e atendimento aos usuários que perambulam pelas ruas de São Luís, em conjunto com a Supervisão de Áreas Integradas de Segurança Pública Oeste (Saisp-Oeste) – aponta nove bairros da capital maranhense com maior incidência de circulação do crack: Anjo da Guarda, Coroadinho, São Cristovão, João Paulo, Cidade Olímpica, Cidade Operária, Vila Embratel, Liberdade e Barreto.

De acordo com o delegado Joviano Furtado, titular da Saisp, há mais de 30 “cracolândias” (locais públicos de consumo da droga) na Grande Ilha.

Maranhão já convive com droga mais barata e devastadora do que o crack

Uma nova droga, o óxi, já se difunde pelo Maranhão. Resultado da mistura de pasta-base de cocaína, querosene e cal virgem, o óxi é muito mais agressivo e devastador do que o crack. Vendido no formato de pedrinhas, por menos de R$ 2 a unidade, o óxi entrou no país por estados fronteiriços, como o Acre, e agora se espalha pelas cidades do Nordeste.
“O óxi certamente já chegou ao Piauí, à Paraíba e ao Maranhão”, confirmou, em entrevista à Veja Online, Álvaro Mendes, vice-presidente da Associação Brasileira de Redução de Danos.
Assim como o crack, o óxi pode estimular no usuário o dobro da euforia provocada pela cocaína. E o preço atrai. Se o crack já não é uma droga cara, o óxi é ainda mais barato.
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Mistura de elementos químicos agressivos, o óxi afeta o organismo mais rapidamente. Numa pesquisa, constatou-se que a droga matou um terço dos usuários no prazo de um ano.
Confira no quadro ao lado as informações conhecidas sobre o óxi e uma comparação dele com o crack.
(* Osvaldo Viviane é jornalista, do Jornal pequeno).