Ao contrário do que alguns blogueiros interpretam ou apregoam propositalmente para criar distúrbios no partido e no seio da oposição, o artigo do ex-prefeito de Timon, Chico Leitoa não anuncia candidatura própria do PDT, mas se refere à tentativa de João Castelo (PSDB) de querer impor agora intempestivamente uma candidatura ao senado e diz que o PDT, com sua responsabilidade histórica, está tentando com desprendimento e grandeza política, sanar o grave problema interno, no sentido de manter a união, esperando a mesma atitude do PSDB. "O Maranhão também espera e vai cobrar, pois caso contrário, é quem vai ser penalizado", diz o líder pedetista.
Pleito intempestivo
*Chico Leitoa
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Chico Leitoa (PDT) |
Acompanho com muita atenção e hoje até
com apreensão, os movimentos da oposição, principalmente nos últimos
dias, as movimentações dos partidos aglutinados em torno da
pré-candidatura oposicionista, liderada pelo ex-deputado Flávio Dino.
A princípio, seis partidos dialogavam
Maranhão afora, com uma chapa majoritária “fechada” em termos
partidários. Com força acumulada em 2010, o movimento atingiu até o
imaginário popular, chegou aos chamados grotões, onde tradicionalmente a
oposição não penetrava. Ai se configura uma posição consolidada. E quem
materializa uma posição consolidada para transformá-la em votação? A
classe política. Nesse aspecto, coube ao conjunto dos partidos imbuídos
de propósitos verdadeiros, procurar reforçar politicamente o grupo.
Movida por interesses convergentes, a oposição fez o dever de casa.
O grupo adversário sabe disso mais do que nós e age para impedir isso e se possível desfalcar o nosso time, ou no mínimo jogar lenha na fogueira.
Com a chegada do PROS, PPS e PSDB, estava praticamente fechada a equação.
O PPS, numa posição privilegiada com a
performance da deputada Eliziane, num gesto de desprendimento e
grandeza, sacrificou uma candidatura promissora e juntou-se ao grupo,
sem imposição.
O PP, Solidariedade e PROS, com quadros e
tempo de televisão, renunciaram inclusive a candidaturas ao Senado,
caso do Deputado Valdir Maranhão e do Deputado Domingos Dutra, sem falar
também na renúncia do ex-governador Zé Reinaldo (PSB) ao mesmo cargo,
resolvida internamente, tudo em nome da unidade.
Com a exigência da vaga de candidato a
Vice, por parte do PSDB, condição imposta para seu desembarque, com a
CONTA assumida pelo presidenciável Aécio Neves, com o argumento de que
partidos que têm candidato a presidente teriam que estar representados
na chapa majoritária ( PSB e PSDB), com PSB já representado, o RISCO
ficou com Flávio Dino, pois prevalecendo o argumento, ia sobrar para o
PDT que não tem candidato a Presidente e tinha a garantia da indicação. E
ai?…
Atendida a exigência, foi festejada a
incorporação do PSDB, que com seus quadros, sua importância e tempo de
televisão, o time se completara. Restando para Flávio, a difícil e
desconfortável missão de se entender com o PDT, além de problemas de
outra natureza, a serem enfrentados.
O PDT, que em principio tinha a
possibilidade/obrigação de ter uma candidatura própria, para resgatar
sua historia e manter o legado de Jackson, de forma equivocada, não
discutiu tal situação, pelo menos como alternativa. Se fixou em algo que
o PSDB se agarrou como condição de participação no projeto. Flávio, que
se viu numa sinuca, na tentativa de ganhar sem perder, arriscou na
história de luta e resistência do Partido com menos possibilidades de
compor com os adversários. “Cedeu” à exigência dos tucanos. Tese
vencedora.
O presidente Nacional do PDT reagiu e
reage de forma veemente à não participação do partido na chapa
majoritária. Por ele, mesmo fora de hora, o PDT partiria com candidatura
própria no primeiro turno, até porque o Partido tem um pretendente com
potencial, ou na última das hipóteses, tomaria outro caminho. Solicitou
tal posição dos companheiros do Diretório Regional do Maranhão, em
reunião muito tensa dias atrás em Brasília. Depois de três horas de
debate, delegamos a ele as tratativas que pudessem contornar o grandioso
problema, levando em conta o seu e o nosso descontentamento, mas também
a nossa posição/situação.
Várias conversas internas apontam para
um posicionamento sintonizado com a Nacional, porém, o andamento do
processo nos incomoda, pois na contramão do nosso sacrifício, o PSDB
(sim, pois ninguém é candidato de si mesmo ou sem o aval do partido),
desconsiderando toda a luta travada pela UNIÃO com sacrifícios dos
partidos aliados até então, no momento em que mais se enaltece a sua
chegada, tenta impor uma candidatura ao Senado, numa aliança que já tem
candidato, não levando em conta o acerto com sua direção nacional, e a
delicadeza da situação, que pode desmantelar tudo e redundar numa
tragédia para a oposição.
Vale dizer que a proposta de composição
da chapa atendeu à lógica partidária, não a ambições pessoais. Ninguém
representa a si mesmo, mas ao conjunto de forças aglutinadas, inclusive à
engenharia da eleição presidencial.
Sem qualquer desmerecimento ao
pretendente, pois trata-se de uma das figuras mais importantes da
política maranhense, portanto merecedor de qualquer postulação, porém, o
pleito é intempestivo, dadas as complicadas negociações, se contrapondo
e passando por cima do argumento do Presidente nacional do PSDB. Ou
não? Sem contar que a tese escora-se em uma pesquisa que mede apenas o
óbvio recall dos nomes, sem aferir cientificamente as projeções de
potencial de votação. Vale-se de uma fotografia para inferir o filme.
Dois anos atrás, em artigo, e
recentemente numa entrevista no rádio, eu falei que a oposição só perde
essa eleição pra ela mesma. Algumas pessoas interpretaram como sendo
excesso de otimismo, arrogância etc. Nada disso, foi prevendo algo dessa
natureza. Levado a efeito por companheiros que teimam em achar que o
jogo é fácil, que sozinho é a solução, e podem brincar com fogo. Poder pode, mas é sabendo que vai sobrar pra todos. A dúvida é apenas no grau das queimaduras.
O PDT, com sua responsabilidade
histórica, está tentando com desprendimento e grandeza política, sanar o
grave problema interno, no sentido de manter a união, esperando a mesma
atitude do PSDB. O Maranhão também espera e vai cobrar, pois caso
contrário, é quem vai ser penalizado.
Nessas alturas do campeonato, querer
substituir ao mesmo tempo, duas posições há muito tempo acertadas, de
dois partidos também importantes, ou lançar dois candidatos ao senado
para uma vaga ( já vimos esse filme ), é disseminar discórdia e colocar
em risco um projeto viável de alternância de poder, é fazer gol contra…
Em se mantendo o que está acertado,
admitindo que o PDT, que tinha motivos para chutar o pau da barraca,
digeriu sua situação, e com muito trabalho, cada um fazendo sua parte,
são enormes as chances de vitória da oposição, inclusive para Senador,
caso contrário…
O Lobo agradece e Gast(ar)ão novamente a
vaga ao Senado. São pedras cantadas… A população sabe disso mais do que a
classe política, e dela espera o mínimo de maturidade para que, com
sentimento acumulado, expresse sua vontade.
Engenheiro Chico Leitoa, é ex-deputado, ex-prefeito de Timon e dirigente estadual do PDT
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