quinta-feira, 9 de novembro de 2017

CINCO PERGUNTAS A ROBERTO ROCHA : SENADOR DIZ QUE SEU GRANDE DESAFIO SERÁ O DE REALINHAR O PARTIDO COM O PROJETO NACIONAL

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Imparcial, o agora presidente Roberto Rocha defende a intervenção e afirma que seu “grande desafio” será o de realinhar o partido com o projeto nacional.  

PSDB sob intervenção   
                                      
O que estava prestes a ser confirmado realmente se concretizou: o senador Roberto Rocha é o novo presidente do PSDB. O Diretório Nacional do partido decidiu, por meio de liminar, intervir no comando estadual e destituiu o então presidente Carlos Brandão do cargo. O objetivo na troca visa “resgatar a linha política do PSDB”, mas também tenta dar um ponto final no clima de tensão criado nas últimas semanas dentro da legenda. 

Tanto que, em entrevista exclusiva ao jornal O Imparcial, o agora presidente Roberto Rocha defende a intervenção e afirma que seu “grande desafio” será o de realinhar o partido com o projeto nacional. No documento assinado pelo presidente nacional do PSDB em exercício, Tasso Jereissati, fica evidente que a permanência de Carlos Brandão à frente da legenda no Maranhão estava no limite.

Atual vice-governador do estado, Brandão sempre deixou claro que pretendia não poupar esforços para manter o PSDB aliado ao PCdoB. Mas a tal aliança política foi entendida pelo Diretório Nacional como um fator de “submissão” aos “caprichos do PCdoB no estado”. “Vislumbro violação à integridade, disciplina, fidelidade e ética partidária, bem como percebo a necessidade de se garantir o exercício da democracia interna. Prevista no art. 2º do Estatuto Partidário. De fato, o relato posto na inicial da Representação e os documentos apresentados denotam uma submissão do PSDB no Maranhão aos caprichos do PCdoB no estado, cujo maior expoente é o chefe do Poder Executivo local”, afirma Tasso em sua decisão. 

Neste cenário de crise interna, o senador Roberto Rocha surge para resolver o problema, mesmo evitando citar culpados para o atual momento. “Não há culpas, há consequências pelas atitudes tomadas. Na verdade, o que se está fazendo é evitar uma crise muito maior, de identidade partidária”, explicou Rocha a O Imparcial. A reportagem entrou em contato com a assessoria do vice-governador Carlos Brandão, mas foi informada de que ele não iria comentar sobre o assunto nesse momento".

CINCO PERGUNTAS A ROBERTO ROCHA 

1. Senador, o que significa voltar ao comando do partido em meio a esse clima de guerra criado com o Carlos Brandão?

Não há clima de guerra. Há visões diferentes do papel do partido e da responsabilidade institucional em relação a um projeto de Nação. O Brandão entende que as circunstâncias e as vicissitudes locais podem se sobrepor ao projeto nacional do PSDB. O comando do partido, em Brasília, entende que o alinhamento local perdeu sua razão histórica e precisa ser rearticulado à luz do cenário político grave que se criou no país e que contrapõe, como inconciliáveis, o PSDB e o PCdoB. Isso não é nem ao menos uma originalidade do PSDB. Acontece em muitos partidos essa tensão entre o nacional e o regional. E para isso existem instrumentos estatutários em todos os partidos para superar essas diferenças. São esses instrumentos que estão sendo avocados, no momento.

2. Quais são seus desafios estando nessa comissão provisória? Quanto tempo será seu mandato e como fica a convenção marcada pro dia 11? Foi suspensa?

O grande desafio é realinhar o partido com seu projeto nacional. O tempo de duração da Comissão Interventora será apenas até o julgamento final da Representação impetrada pelo ex-prefeito Sebastião Madeira. Agora, corre o prazo para as alegações de defesa do Brandão. Ainda não há uma decisão sobre a Convenção do dia 11 mas a prudência sugere que ela deva ser remarcada para uma data posterior à decantação desse processo em curso.

3. Como o senhor avalia as críticas que o senhor recebeu por parte do Brandão?

Fazem parte do jogo político. O que eu lamento é a crítica pessoal, usada por penas alugadas, apenas com o intuito de desqualificar as pessoas. Esse é o tipo de política que não faço.

4. O senhor foi o pivô para essa guerra dentro do PSDB? Quem é o culpado para essa crise?

Não há culpas, há consequências pelas atitudes tomadas. Na verdade o que se está fazendo é evitar uma crise muito maior, de identidade partidária.

5. O PSDB não fica fragilizado com esta intervenção? O senhor teme que o Brandão estenda essa disputa para a justiça?

Ao contrário, o partido se fortalece ao jogar na arena política suas divergências. Eu não temo a intervenção da Justiça. Eu apenas lamento que nós políticos sejamos as vítimas e os algozes da chamada judicialização da política. Mas acho que o entendimento sobre a jurisdição partidária é remansoso, como dizem os advogados. Ou seja, é tranquila a compreensão e a jurisprudência quanto à autoridade partidária para intervir nas suas estruturas internas, em defesa de sua integridade, disciplina, fidelidade e ética partidária.

PSDB x PCdoB

Ao aceitar o pedido de intervenção feito pelo ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, o PSDB Nacional constatou que “a situação do PSDB no Maranhão é de subserviência absoluta ao PCdoB local”. Isso significa que a legenda no Maranhão sofrerá baixas significativas em sua estrutura. Além de Carlos Brandão, nomes como Neto Evangelista (deputado estadual licenciado e secretário de Estado do Desenvolvimento Social), Pinto Itamaraty (suplente de senador) e Luís Fernando (prefeito de São José de Ribamar) devem deixar o partido. Em sua decisão, Tasso Jereissati ainda critica a postura de tucanos que querem “insuflar uma insatisfação geral”. “As notícias que chegam do Maranhão conduzem à conclusão de que um processo de beligerância está sendo construído em torno do senador Roberto Rocha, recentemente filiado ao PSDB, com o intuito de insuflar uma ‘insatisfação geral’, o que viola a integridade, a ética e a democracia interna”. 

O agora presidente do Diretório Estadual do PSDB, senador Roberto Rocha, utiliza o discurso de que o partido deu um verdadeiro passo para se fortalecer politicamente e garante que não está preocupado com uma possível disputa judicial pelo comando do PSDB no Maranhão. “O partido se fortalece ao jogar na arena política suas divergências. Eu não temo a intervenção da Justiça. Eu apenas lamento que nós políticos sejamos as vítimas e os algozes da chamada judicialização da política”, disse Rocha, confirmado para disputar a eleição para o governo do estado no ano que vem.

Comissão Interventora

Com a confirmação da intervenção do PSDB Nacional no Diretório Estadual do partido, foi definida a Comissão Interventora que irá conduzir a legenda até o julgamento final do caso. A comissão será presidida por Roberto Rocha e contará com outros seis integrantes.

VEJA A LISTA:

Presidente: Roberto Rocha Secretário: Sebastião Madeira Tesoureiro: Ezequiel Soares Membros: Augusto César Lago, Maria do Carmo Souza, Zesiel Ribeiro da Silva e Afonso Celso Salgado

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