terça-feira, 6 de março de 2018

O TRISTE FIM DE UM CASAL EM IMPERATRIZ-MA

O domingo do dia 04 de março de 2017 vai ficar marcado na história de violência de Imperatriz. Nessa data mais um crime passional ocorreu para longa listados crimes violentos da segunda maior cidade do Maranhão com o duplo homicídio ocorrido na maior feira da região, o Mercadinho. Sangue e dor para a família do homem e da mulher que tombaram esfaqueados pela lâmina assassina de um ex-marido inconformado, mas também louco, desvairado e cego de ódio...

O triste episódio, já conhecido acredito que por todos que estão diariamente ligados nos fatos policiais, foi retratado nas redes sociais também em forma de crônica pelo jovem escritor e estudante de Psicologia, Ismael Souza, que apesar de quase não publicarmos esse tipo de noticia aqui no Blog, fizemos questão de reproduzir:

O PREÇO DO RECOMEÇO - O triste fim de um casal em Imperatriz-MA

– Thuf! – Se ouviu um estouro abafado como um tambor. Foi a primeira facada desferida por Antônio Ferreira da Silva (de 58 anos) em sua ex-mulher, a vítima Alvenir Leite Lima, 38 anos. Ela não entendeu o que aconteceu, seu último olhar foi para a carranca assustadora do ex-companheiro com aqueles olhos de ódio. O atual namorado de Alvenir, Raimundo Edelson da Paixão Ferreira viu a cena e em desespero, tentou defendê-la em vão, levou uma facada também. Caiu no chão coberto de sangue. Na vida real, se defender de facadas não é fácil. A lâmina que perfurou a pele do casal, perfurou muito mais do que a matéria, perfurou o preço do recomeço. No chão do Mercadinho, escorria sonhos interrompidos. 

Alvenir conviveu quatro anos com seu assassino – a base de porrada, de ofensa, de terror psicológico. O seu futuro assassino era 20 anos mais velho, o que infelizmente não é incomum em casos do tipo. O seu trágico fim não aconteceu do nada – Quando finalmente conseguiu sair desse relacionamento doentio, Alvenir não denunciou o ex-marido por achar que cada um devia seguir seu caminho. 

Sabemos que não foi assim. 

No dia 13 de Fevereiro, ela finalmente foi na delegacia denunciar seu futuro algoz, mas Antônio foi mais rápido que a justiça. Em sua mente doentia, ela não poderia ser de mais ninguém, ela tinha que ser dele, seu objeto, seu saco de pancadas. Os pensamentos obsessivos foram ficando cada vez maiores, ele nunca a deixava em paz – quando finalmente ele teve a certeza de que independente de qualquer coisa, Alvenir nunca voltaria para seus braços nojentos – ele decidiu acabar com seu sofrimento de rejeição. Para pessoas “normais”, como eu e você, ouvir música triste ou encher a cara pra se recuperar é o suficiente, mas para pessoas como Antônio, isso não basta, as porradas que ele deu não basta. A certeza de que ela estava aí, curtindo a vida com outra pessoa enquanto ele estava sofrendo era o fim. A justiça nada fez para impedir o que viria acontecer.

Então ele resolveu o problema dele. 

Esperou o domingo chegar, seguindo o casal até a feira. Sem sombra de dúvida ele pensava e ensaiava esse momento em sua frente. Dali em diante, Alvenir nunca mais seria um problema, a parte que faltava nele foi preenchida pelo vazio da vida de Alvenir. Em seus últimos momentos de vida, o último rosto que ela viu não foi do seu namorado, nem da família ou amigos, foi a face "endemoniada" de seu assassino. Ninguém de bem merecia essa imagem como a última. Quando se deu conta do que fez, talvez extasiado do prazer por resolver seu problema, notou o movimento da população e se entregou para a polícia que estava no posto de polícia local. 

Antônio conseguiu destruir duas vidas, duas famílias, vários sonhos e um recomeço. O pior, o que mais dói, é que ele finalmente resolveu seu problema. O que vier pra ele depois disso é lucro. Quem saiu perdendo, como sempre, foram as vítimas. Quantas mulheres ainda vão pagar caro por querer recomeçar a vida com suas próprias rédeas?

Texto: Ismael Souza (Escritor e Estudante de Psicologia)

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