ROBERTO ROCHA
Artigo publicado neste domingo no Jornal Pequeno em que o deputado revela porque as verdadeiras boas notícias para o Maranhão não interessam ao grupo Sarney.
O Maranhão comemora o aumento do seu PIB. Ou melhor, deveria comemorar. Afinal lideramos o crescimento em todo o Nordeste e despontamos com resultados superlativos que nos colocam em segundo lugar dentre todos os estados da Federação. Por que, então, não se soltam fogos para festejar? A resposta é singela: porque esses resultados são um atestado que o país dá, pelo IBGE, do acerto das políticas de desenvolvimento dos governos José Reinaldo e Jackson Lago.
Apenas no ano de 2007, primeiro ano do governo Jackson, nosso PIB cresceu em índices chineses, de 9,1%, um recorde, bastante acima da média nacional que foi de 6,1%.
Como foi possível o Maranhão crescer em governos sabotados pela mídia e por injunções políticas tão adversas? A resposta é simples: trata-se do efeito natural do processo de desprivatização do Estado, pela republicana e saudável alternância de poder.
Esse foi o processo que tão brutalmente foi interrompido pelo golpe judiciário que trouxe de volta o atraso político. Esse mesmo atraso que, dominando as fontes de informação midiática, se apressou a explicar que o crescimento se devia à “dinâmica da economia maranhense”.
Somos mesmo um lugar fora da ordem das coisas. Pois não são os promotores do atraso que agora vêm falar em futuro? Também nisso damos lição de anacronismo. Somos a terra onde os perdedores governam e os oligarcas gabam a democracia. E agora, somos também o único lugar do planeta em que o passado não passa, e ainda se traveste de futuro.
Como estamos submetidos a um governo anacrônico, do ponto de vista político, padeceremos ainda por muito tempo dos efeitos da ilegitimidade original de um poder que é exercido sem base social, sem organicidade com a sociedade, ou seja, distanciado de qualquer cultura cívica onde possam ser construídos territórios de pactuação. O poder sem legitimidade impõe a necessidade de avançar pela força, pela prepotência, entre nós construída através da hegemonia dos meios de comunicação. Aqui, crescer é pecado mortal. Daí porque essa notícia, que foi destacada nos grandes jornais do país, entre nós merecer apenas uma tímida menção projetada como um dado técnico para consumo de economistas.
Perdemos a noção de que vivemos em um estado comprometido por imensos problemas, tatuado em seu tecido social pelas marcas de uma pobreza endêmica, aviltado por uma política de trocas e favores, humilhado por índices africanos de educação. Nada disso importa para um governo autista que, longe de reconhecer e enfrentar os problemas, proclama e exclama vivas para a escola, viva a nossa gente, viva nossa cultura, viva o Maranhão! É um governo muito vivo, cheio de vivaldinos.
A outra boa notícia que o IBGE revela é que vem caindo consistentemente a participação do sudeste do país no PIB nacional. De 1995 até 2007 o Sudeste caiu de 59,1% para 56,4%, mostrando que o país evolui para um maior equilíbrio na participação do bolo da riqueza nacional.
Infelizmente, no nosso caso, o aumento do PIB não se fez refletir em aumento da distribuição da renda. Continuamos disputando com o Piauí o triste título de detentores do pior PIB per capita do país. É essa realidade que temos que enfrentar com coragem e com verdade. Olhando para nossa mazelas e buscando pactuar politicamente as saídas possíveis. Potencial nós temos de sobra. O que nos falta é a condição política que está sufocada pelo jugo de uma dominação arcaica e brutal.
Comente, critique, dê sugestões. Escreva para gabinete@robertorocha.com.br
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