Obra começou em 2006. Setores reclamam de impacto da usina
A
inauguração da hidrelétrica acontece após o apagão em áreas das regiões
Sul, Sudeste e Centro-Oeste e no Distrito Federal, no início deste mês.
A hidrelétrica de Estreito começou a sair do papel em dezembro de 2006,
quando o Consórcio Estreito Energia (Ceste) conseguiu a licença
ambiental para iniciar a obra. Em abril do ano passado, a primeira
turbina entrou em operação.
- Em 2004 houve uma mudança no sistema
para não termos outro racionamento. A ideia é nunca mais termos
racionamento, porque os prejuízos são muitos - disse Domingos Andreatta,
diretor do Departamento de Monitoramento do Setor Elétrico do
Ministério de Minas e Energia, questionado sobre o apagão do início
deste mês.
Na construção da usina, segundo o Ceste, foram gerados
36 mil empregos diretos e indiretos na região. Cerca de 600 milhões
foram aplicados em ações socioambientais e benefícios aos 12 municípios
atingidos pela hidrelétrica. Segundo o diretor-presidente do Ceste,
Carlos Castanho Júnior, cerca de 2 mil famílias de ribeirinhos foram
removidas e indenizadas, outras 200 estão em processo de negociação para
remanejamento e os pescadores estão sendo assistidos, numa parceria com
o Ministério da Pesca, para organização da produção em cooperativas.
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Além de gerar energia, a usina de Estreito é um vetor de
desenvolvimento e inclusão social e econômica para a região. É um grande
orgulho para nós termos na inauguração a presidente Dilma, a mãe do PAC
e que era ministro quando iniciamos o processo para construção da usina
- disse Castanho.
A deputada estadual Valéria Macedo (PDT)
reconhece a importância do empreendimento para a geração de energias,
mas destaca problemas para as duas cidades maranhenses atingidas pela
hidrelétrica. Segundo ela, a hidrelétrica teve impacto sobre a já
precária infraestrutura urbana e de transporte de Estreito e Carolina.
— É um empreendimento importante para o Brasil, mas para Estreito e Carolina foi um desastre — disse a deputada.
A
deputada afirmou ainda que as medidas ambientais foram paliativas:
houve mortandade de peixes e a fauna e a flora do lago não foram
removidas. Segundo Valéria, as indenizações pagas são baixas, o número
de famílias atingidas é maior e o apoio aos pescadores não é o prometido
pelo consórcio.
— Há muita insatisfação na área. Os aspectos sociais e ambientais ficaram muito aquém do prometido — disse a deputada.
O
consórcio diz que na região da usina, na divisa dos estados do Maranhão
e do Tocantins, construiu escolas, sedes para as polícias militar e
civil, asilos e creches, além de ampliar postos de saúdes e reformar
hospitais. Também doou ambulâncias, ônibus escolares e tratores para as
prefeituras da região. Durante a construção da usina, foram
desenvolvidos 39 programas socioambientais.
Segundo Castanho, a
mortandade de peixes ocorreu quando a primeira turbina foi ligada. O
fato foi informado ao Ministério do Meio Ambiente e não ocorreu quando
as outras turbinas entraram em funcionamento.
— É impossível fazer
todos os testes sem impacto, pois estamos colocando um novo agente. É
inexorável. Não conheço nenhuma hidrelétrica que não tenha problemas.
Agora estamos acionando a oitava turbina e não tivemos mais mortandade —
disse.
Na comitiva da presidente estão os ministros Edison Lobão
(Minas e Energia), Gastão Vieira (Turismo) e Helena Chagas (Comunicação
Social), além do governador do Tocantins, Siqueira Campos, e o
governador em exercício do Maranhão, Washington Luiz de Oliveira.
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