Por Abdon Marinho (advogado)
| Imagem: blog Marco D’Eça |
Como
prometi não voltar ao assunto (in) segurança este ano, vou apenas fazer
um brevíssimo comentário sobre os últimos acontecimentos.
Inicialmente,
quero parabenizar aos meus irmãos maranhenses que ontem foram dormir
num estado muito semelhante a uma nação africana e acordaram hoje
sabendo que moram na Dinamarca, na Suécia, Noruega ou outra nação de
primeiro mundo. E tudo isso sem muito custo, sem gastarmos nada, tudo
isso graças apenas a um vídeo de internet. Não é maravilhoso, como diria
aquela apresentadora de tv?
Vamos a
parte séria. As autoridades a partir de agora, estão imbuídas de um
propósito: afirmar e consolidar perante a opinião pública que por conta
do vídeo de um cidadão escalpelado que fora apresentado ao CNJ
referir-se a outra situação que não a situação dos presídios do
Maranhão, aqui está tudo as mil maravilhas. Não fazem isso diretamente.
Usam os emissários indiretos, alguns blogues ou jornais, que também
tiram sua casquinha das gordas verbas publicitárias.
Já tem até
gente sugerindo, os mais audaciosos, que se faça um pedido de desculpas
formal ao secretário de administração penitenciária. Não tardam haverão
de propor que lhe seja erguido um busto e colocado na Praça do Pantheon,
em São Luís, por conta dos belos serviços prestados.
Essas
entidades, cidadãos que investigam algo contra a situação dominante não
se dão conta que têm que trabalhar com o máximo de cautela e examinar
tudo com o máximo de atenção. Umas das mais antigas formas de se
desmoralizar qualquer trabalho sério é “plantar” no meio das coisas
sérias e graves uma informação disparatada, bisonha e que posteriormente
se saberá como falsa e assim desmoralizar todo o resto do trabalho.
Já
vi isso dezenas de vezes. Usam essa estratégia para desviar a atenção
dos graves fatos que não querem que seja apurados e minimizar os que já
foram e que não tem como desmentir. Uma espécie de operação “Cavalo
Tróia”. Uma das mais bizarras que tomei conhecimento foi a que sugeriria
que um ex-governador, envolto em denúncias, fora flagrado entrando num
motel acompanhado por alguns garotões. Era tão absurda que não chegou a
ir muito longe.
Ora, a investigação
das entidades de direitos humanos e do CNJ dizem respeito as condições
dos presídios a matança de 60 presos só esse ano que finda, as condições
subumanas a que estão submetidos os presos, as denúncias de estupros.
Aí, de repente, aparece um vídeo que escandaliza nacionalmente, e falso,
tentam colocar por terra toda a realidade.
Acaso
não é verdade que os grupos criminosos dominavam os presídios? Não é
verdade que já mataram 60 presos lá dentro? não é verdade que as
condições são subumanas? Não é verdade que ocorreram estupros?
Todas
essas perguntas tem resposta afirmativas. Até a história dos estupros e
das visitas íntimas, em grupo (vejam aí um paradoxo que desafia a
gramática) foram confirmadas por mais de uma pessoa. A mãe de um preso
usou a expressão “ceder” a esposa, o filho tinha que ceder a esposa se
não quisesse sofrer as conseqüências. Aquela senhora mentiu? Com qual
propósito?
O certo é que a “Operação
Cavalo de Tróia” foi usada mais uma vez, inclusive com propósito de
lançar uma cortina de fumaça sobre os recursos não gastos e sobre os que
pretendem agastar, de forma emergencial e sem licitação.
A
investigação foi determinada pelo CNJ, seria oportuno que o juiz
responsável, que caiu na pataquada, requeresse uma investigação da
polícia federal com o propósito de apurar as circunstâncias de como esse
vídeo chegou até o seu relatório. Quem encaminhou, quem sugeriu? De
onde surgiu? Fica a sugestão.
Ano que vem voltaremos a esse assunto. Até lá.
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