Morreu nesta quarta-feira o último cangaceiro do bando de Lampião, Manoel Dantas Loiola, de 97 anos, mais conhecido como Candeeiro.
Ele faleceu na madrugada de hoje no Hospital Memorial de Arcoverde onde
estava internado desde a semana passada, após sofrer um derrame. O
sepultamento está marcado para as 16h, no cemitério da cidade de Buíque.
Pernambucano de Buíque (a 258 quilômetros do Recife), Manoel ingressou
no bando de Lampião em 1937, mas afirmava que foi por acidente.
Trabalhava em uma fazenda em Alagoas quando um grupo de homens ligados
ao famoso bandido chegou ao local. Pouco tempo depois, a propriedade
ficou cercada por uma volante e ele preferiu seguir com os bandidos para
não ser morto.
No final da vida, atuava como comerciante aposentado na vila São
Domingos, distrito de sua cidade natal. Atendia pelo nome de batismo,
Manoel Dantas Loyola, ou por outro apelido: seu Né. No primeiro combate
com os “macacos”, quando era chamado de Candeeiro, foi ferido na coxa. O buraco de bala foi fechado com farinha peneirada e pimenta.
Teve o primeiro encontro com o chefe na beira do Rio São Francisco, no lado sergipano. “Lampião
não gostava de estar no meio dos cangaceiros, ficava isolado. E ele já
sabia que estava baleado. Quando soube que eu era de Buíque, comentou,
em entrevista concedida ao Diario em 2018: ‘sua cidade me deu um homem
valente, Jararaca’”.
Candeeiro dizia que, nos quase dois anos que ficou no bando, tinha a
função de entregar as cartas escritas por Lampião exigindo dinheiro de
grandes fazendeiros e comerciantes. Sempre retornava com o pedido
atendido. Ele destacou que teve acesso direto ao chefe, chegando a
despertar ciúme de Maria Bonita. Em Angicos, comentou que o local não
era seguro. Lampião, segundo ele, reuniria os grupos para comunicar que
deixaria o cangaço. Estava cansado e preocupado com o fato de que as
volantes se deslocavam mais rápido, por causa das estradas, e tinham
armamento pesado.
No dia do ataque, já estava acordado e se preparava para urinar quando começou o tiroteio. “Desci atirando, foi bala como o diabo”.
Mesmo ferido no braço direito, conseguiu escapar do cerco. Dias depois,
com a promessa de ser não ser morto, entregou-se em Jeremoabo, na
Bahia, com o braço na tipóia. Com ele, mais 16 cangaceiros. Cumprindo
dois anos na prisão, o Candeeiro dava novamente lugar ao cidadão Manoel
Dantas Loyola. Sobre a época do cangaço, costumava dizer que foi “história de sofrimento”. (Diário de Pernambuco)
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